A carne tem má reputação. A maioria das pessoas acha que a carne, especialmente a vermelha, é perigosamente insalubre. No entanto, a carne tem propriedades únicas que a tornam mais nutritiva, mais fácil de digerir e tem menos probabilidade de irritar o corpo do que os vegetais. A ciência por trás da fobia de carne se sustenta quando analisada com cautela?

Quando ouvimos repetidamente que comer carne vermelha não é saudável e pode encurtar nossas vidas, é perfeitamente compreensível que nos preocupemos. No entanto, tenha várias coisas em mente, para não cair na besteira de fazer como diversas pessoas já fizeram ou estão fazendo, cortar a carne da dieta.

De onde estão vindo esses dados que condenam a carne? 

1) Estão vindo de dados observacionais. 

Os estudos que mostram uma relação entre a carne vermelha e o risco de doenças apresentam vários problemas, principalmente porque se baseiam em dados observacionais em vez de experimentais. 

Os estudos observacionais podem apenas inferir uma relação entre um comportamento (como comer carne) e um resultado (como câncer ou doenças cardíacas). Não podemos usar esses tipos de estudos para tirar conclusões precipitadas. (*, *, *)

Muitos outros fatores podem influenciar os resultados. Por exemplo, a carne vermelha é frequentemente apontada como culpada, independentemente da qualidade e composição geral da dieta.

Uma pessoa que normalmente consome 150 gramas de bife, salada e um copo de água no jantar apresenta o mesmo nível de risco de doença que alguém que normalmente come a mesma quantidade de bife com batatas fritas, refrigerante e uma sobremesa açucarada? Parece improvável.

2) Questionários de frequência alimentar.

Outro grande problema com os estudos observacionais é a prática comum de usar questionários de frequência alimentar para avaliar a quantidade de carne vermelha que as pessoas realmente consomem.

Eles se baseiam na recuperação da memória e nas estimativas anuais e são notoriamente não confiáveis. (*)

Além disso, esses questionários geralmente são preenchidos apenas algumas vezes ao longo de um longo período de estudo.

Obviamente, o que alguém come pode mudar drasticamente em um período de 5 anos, mesmo se relatar a ingestão de alimentos com 100% de precisão fosse possível.

3) Nem todas as carnes são iguais.

A carne processada traz mais advertências de saúde, mas agrupar toda a carne processada na mesma categoria ao avaliar o risco não é realmente justo.

Embora muitos tipos sejam feitos com ingredientes não saudáveis, outras carnes defumadas e curadas contêm poucos aditivos e podem ser bastante nutritivas.

Além do mais, embora as correlações sejam mais fortes para a carne processada do que para a carne fresca, elas ainda são fracas no geral.

Lembre-se que muitos estudos usam a palavra "carne", sem fazer nenhuma distinção a respeito do tipo de carne consumida. Ora, convenhamos, mortadela não é igual bife de patinho. Salsicha não é igual bacon artesanal.

4) Viés do paciente saudável.

Com a carne vermelha sendo alardeada como algo ruim nas últimas décadas, o viés do paciente saudável também entra em jogo. 

Muitas pessoas que seguiram as advertências nos últimos anos para comer pouca ou nenhuma carne vermelha provavelmente também seguiram os conselhos para se exercitar regularmente, evitar fast food e reduzir o consumo de álcool. 

Essas pessoas também tendem a nunca fumar e a praticar outros comportamentos positivos, pois estão preocupados com a saúde.

Elas também tendem a ter mais educação, melhores empregos e ganhar mais dinheiro.

O risco reduzido de doenças encontrado nesses indivíduos poderia ser devido a seus estilos de vida mais saudáveis ​​e seus melhores fatores socioeconômicos, que têm sido associados a uma saúde melhor, e não apenas à falta de consumo de carne vermelha.

5) O campo da nutrição é um campo fértil para condenar a carne.

Não há evidências de ensaios clínicos randomizados – o tipo de estudo que poderia estabelecer causa e efeito – de que o consumo de carne vermelha aumente o risco de doença cardiovascular, câncer ou diabetes...

Infelizmente, os ensaios clínicos randomizados também são muito caros, tendem a ser curtos e não são possíveis de serem realizados ao responder a certas perguntas.

Por exemplo, quão plausível seria dividir os participantes em um grupo aleatoriamente e dizer-lhes para comer carne por 10 anos, enquanto diz ao outro grupo para evitar completamente comer carne por 10 anos? Não é muito provável, e é por isso que os estudos observacionais tendem a dominar o campo da nutrição, gerando manchetes sensacionalistas.

Conclusão

Mesmo que soubéssemos exatamente a quantidade de carne vermelha consumida por todos, ainda não seria uma informação suficiente para nos permitir fornecer recomendações concretas sobre seu consumo e efeitos sobre a saúde. 

Uma série de outros fatores - alimentos consumidos em vez de carne vermelha, genética, rotinas de exercícios - são peças do quebra-cabeça geral da saúde.

O ser humano sempre comeu carne. Por que a carne seria tão lesiva assim agora? Realmente não consigo acreditar. 

O que sabemos é que, olhando através das lentes da biologia evolutiva, arqueologia, antropologia e anatomia e fisiologia comparadas; e olhando através das lentes da bioquímica - quais nutrientes contribuem para a saúde humana (e onde eles são encontrados nos alimentos), como os vários componentes funcionais dos alimentos influenciam nosso corpo no nível celular e molecular e como certos compostos dos alimentos danificam nossos saúde, chegamos à conclusão que a dieta humana natural é rica em alimentos de origem animal.

Comer carne é bom para você? A resposta é um enfático sim. Por isso, ao invés de retirar a carne da sua dieta, sugiro que você faça justamente o oposto e a coloque como base da sua alimentação.


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